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Jorge, daqui e dali, de baixo e de cima, de dentro e de fora, Mautner!!!

Desde que eu ouvi “Orquídea Negra” na voz de Zé Ramalho, me apaixonei pela forma poética que Jorge Mautner transmite suas mensagens e envolve os que as recebem.

Em 1965 Jorge Henrique Mautner, nascido no Rio De Janeiro em 1941, foi um dos primeiros exilados incluídos na lei de segurança nacional.

Foi morar nos Estados Unidos e trabalhar na UNESCO. Nas horas vagas Jorge fazia bicos traduzindo livros brasileiros para o inglês e também dava palestras sobre esses livros para a Sociedade Interamericana de Literatura.

Em 1966 grava o primeiro compacto de nome: “Radioatividade /Não, não, não” e lança também o livro: “ Vigarista Jorge”. Com isso o seu nome é incluso na lei de Segurança Nacional.

Em 1970 viaja para Londres onde encontra e se aproxima de Gilberto Gil e Caetano Veloso. Dirige e participa do filme “O Demiurgo” que é censurado. Segundo Glauber Rocha, é o melhor filme sobre o exilio.

Interessante é que em 1972, pelo que percebi, Jorge já estava atento aos preços dos discos e lança pelo selo “Pirata”, da Polygram, o Lp “Para Iluminar a Cidade” e o compacto “Planeta Dos Macacos”, vendidos por um custo abaixo do preço de mercado fazendo com que as lojas começassem a boicotá-lo, sendo o disco retirado de circulação.

Mautner segue lançando e publicando livros. Sua parceria com Nelson Jacobina é cada vez mais forte.

O movimento Mangue-beat em Recife tem como grande sucesso a música “Maracatú Atômico” de Jorge e Nelson Jacobina, gravada por Chico Science e Nação Zumbi.

Tive o prazer de encontrar Jorge Mautner no aeroporto dos Guararapes, em Recife, no final de Abril deste ano. Eu estava sentado olhando algumas coisas no notebook quando surge na minha frente o mestre, não pude me conter e gritei “Mestre, mestre Mautner!!” Ele olhou e sorriu, apresentei-me, conversamos um tempo, descobrimos amigos em comum lá de Recife e ele me falou, com toda humildade de um rei, que tinha participado do Cine PE e que tinha sido homenageado com o filme “ Jorge Mautner, O Filho do Holocausto” de Pedro Bial e Heitor D`Alincourt.

Jorge Mautner é incomparável, está além de qualquer ideia de letras e acordes.

Viva Jorge Mautner e sua Bomba Atômica de versos e prosa.

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