A Amazônia sempre exerceu um certo fascínio nas pessoas em todo o mundo. Podemos dizer que desde a chegada dos portugueses em terras brasileiras a curiosidade é constante e faz parte do imaginário popular. Associamos a isso as grandes expedições que entravam floresta adentro e tinham propósitos distintos, desde a descoberta de nossas riquezas onde povos europeus acabaram por se perder, até os dias de hoje com a chegada cada dia mais constante de turistas com a finalidade de se aventurar em meio as nossas belezas e particularidades únicas no mundo. E é baseada nesta proposta, de explorar o belo e o curioso que o Hotel Iberostar Grand Amazon oferece ao visitante a oportunidade de se aventurar sem que precise deixar de lado o conforto e as comodidades do mundo moderno.

O navio hotel parte de Manaus para dois roteiros específicos bem no coração da Amazônia. Um segue pelo Rio Negro e outro pelo Rio Solimões. Nós, do Embarque na Viagem seguimos viagem pelo Solimões por 4 dias e pudemos vivenciar um pouco desta experiência de estar em um dos lugares mais emblemáticos do planeta e vamos contar para vocês como foi.

O navio

Embora seja classificado pela rede de hotéis como um navio de luxo seleção superior, não espere tanto como a palavra se define. É sim um navio agradável, com cabines amplas e confortáveis, além de uma bela vista para a área externa. Aliás, este é um de seus diferenciais, todas as cabines possuem varanda privativa, o que é excelente para curtir momentos de total relaxamento. Se você é daqueles que não dispensa uma TV, não fique esperando canais por assinatura.

Na área direcionada ao lazer duas piscinas e uma jacuzzi, todas externas, acabaram se tornando uma boa opção para curtir o sol quente nos intervalos dos passeios. O navio conta também com uma sala de ginástica, uma cabine básica onde são oferecidos serviços de massagens variadas e alguns tratamentos, não chega a ser um SPA, que fique bem claro, uma discreta discoteca com um estilão meio anos 80 e um bar onde também acontecem algumas apresentações folclóricas bem simples e uma pequena loja de souvenirs. Vale ressaltar que não existem atividades de lazer muito variadas dentro do navio, já que proposta é justamente viver momentos de aventura e lazer fora dele, durante os passeios oferecidos e que já estão incluídos no pacote que você escolher pelo Rio Negro ou pelo Rio Solimões.

Passeios

O navio fornece alguns passeios incluídos no pacote, cabendo ao turista apenas selecionar aquele que mais combinar com seu estilo e deixar agendado.

Nós realizamos os nossos passeios em um grupo reduzido e contamos com a assitência do excepcional Guia Wenceslau Nascimento, carinhosamente chamado por nós durante toda a viagem de “Lau”. Se tiverem a oportunidade, marquem pelo menos um passeio com ele que é diversão e conhecimento garantido.

Com o Lau pescamos piranha, fizemos observação e até carinho(!!!), acreditem, em um jacaré, adentramos uma parte da floresta, observamos a fauna e a flora que existe na região do Solimões e observamos o modo de vida e trabalho dos pescadores.

Passeamos por diversos trechos e braços do Rio Solimões, visitamos a casa de um caboclo e experimentamos uma série de sensações que para muitos urbanos seria impensável. Este aliás é o grande barato da viagem, as vivências, experiências que tivemos do lado de fora, curtindo a natureza.

Infelizmente neste roteiro não havia a possibilidade de estar com os botos cor-de-rosa assim como não havia a visitação a uma comunidade indígena já que estes passeios são específicos do roteiro pelo Rio Negro que possui um dia a mais na programação, portanto, se este é seu objetivo, a melhor rota é esta.

O Rio Solimões

Esse rio de água barrenta e forte correnteza nasce no Peru e ao entrar no Brasil, no município de Tabatinga, recebe o nome de Solimões. Sua extensão navegável total é de 1620 km e sua profundidade varia entre 8 e 20m, sendo seu período de enchente de fevereiro a junho e de vazante de julho a outubro. O nome Solimões é uma referência aos nomes dos povos que originalmente habitavam suas margens, os Sorimões, termo derivado da palavra latina solimum, referência ao veneno utilizado nas pontas de flechas e dardos destes povos. Ao encontrar o Rio Negro, recebe o nome de Rio Amazonas. Um dos mais belos espetáculos da natureza é o encontro de suas águas com as águas escuras do Rio Negro. Esse fenômeno acontece pela diferença entre a temperatura e densidade das águas e, ainda, à velocidade de suas correntezas: o Rio Negro corre cerca de 2 km/h a uma temperatura de 28°C, enquanto que o Rio Solimões corre de 4 a 6 km/h a uma temperatura de 22°C.

All inclusive

Um dos diferenciais de estar á bordo do Iberostar Grand Amazon é que ele é um navio com serviço all inclusive. Isso significa que todas as refeições, bebidas (com algumas exceções) e lanches estão incluídos no pacote. Assim como serviço de quarto e frigobar.

No restaurante existem algumas opções de bebidas no cardápio (mediante solicitação) que estão incluídas, como vinhos de melhor qualidade por exemplo. Se o vinho servido no jantar não te agradar, vale conferir na carta se outra opção se adequa melhor ao seu paladar, porém fique atento que alguns são cobrados à parte.

O frigobar é um pouco frustrante já que se limita apenas a uma pequena geladeirinha com água, refrigerantes e cervejas habituais que encontramos por aqui, nenhum produto local. Também não há nenhum petisco salgado ou doce no quarto. Isso mesmo, nada de chocolates, batatinhas ou sequer um saquinho de amendoim ou castanhas da Amazônia. Se você é o tipo de pessoas que tem por hábito comer alguma coisa no intervalo das refeições ou no fim do dia assistindo tv, terá que comprar antes de embarcar para não ficar na vontade. Sim, eu fiquei.

Gastronomia

O principal restaurante do navio, o Kuarup, é um restaurante padrão buffet e não é nada parecido com os mais comuns em navios de cruzeiros. Até existe a opção de pedir algo diferente se solicitar o menu à la carte, mas não espere se aventurar em uma experiência gastronômica diferenciada.

Infelizmente fiquei um pouco decepcionada com a escolha dos pratos servidos, tive uma ideia de experimentar pratos mais típicos. Para não falar que não havia pratos de origem amazônica ou da região norte, havia uma opção de peixe por refeição e quase sempre esta opção era de algum peixe da Amazônia, embora em um almoço tenha sido servido um badejo que não é nada amazônico. Não havia receitas típicas da região nem nos complementos e nem nas sobremesas como sugeria a publicidade do hotel descrita em seus livretos como ‘uma viagem através da Amazônia com um buffet regional’. Se a proposta do restaurante era uma gastronomia internacional de alta qualidade, também foi um ponto duvidoso já que grande parte dos pratos era sem sabor acentuado e muitos pratos já vinham da cozinha frios e ressecados. Infelizmente esta não é uma boa referência.

Na noite do jantar do Comandante foi servido um prato mais elaborado, mas nada excepcional também.

Até mesmo nos sucos e sobremesas que eu pensei me surpreender não tive sorte. Não havia sucos regionais, somente uma opção como o suco de cupuaçu me lembrava que estava naquela região tão exótica e peculiar. Fiquei a cada refeição me perguntando sobre as opções regionais, mas só encontrei as frutas tradicionais que encontramos nos restaurantes do dia a dia.

Enfim, um buffet bem basicão e morno é o que você deve esperar na hora do almoço e jantar. Realmente senti falta de especialidades locais, infelizmente.

Clima

Seria totalmente redundante dizer que o calor é extremo e a umidade altíssima, mas não custa nada reforçar, não é mesmo? Então tenha com você sempre uma garrafinha de água, capriche no protetor solar, chapéu e roupas claras e leves. Este não é definitivamente um lugar para desfiles de moda e saltos altos. Invista no visual bem basicão como tênis ou botinhas específicas para caminhadas durante os passeios e a rasteirinha para as mulheres ficarem bem a vontade no navio, e para os homens, aquela sandália bem descolada manterá os pés livres do calorão.

Por estarmos em uma região de selva, encontraremos os mosquitos em toda a viagem, mas não chega a ser nada absurdo e assustador como muitas pessoas chegaram a me dizer. Leve seu repelente e passe antes mesmo de sair da cabine. Durante o dia esses voadores irritantes até que pegam leve, mas quando o sol começa a se despedir eles ficam a todo vapor, nesse período, capriche um pouquinho mais na aplicação.

O Roteiro em geral é agradável. Os passeios se destacam mesmo pelas saídas do navio para conhecer a região e ter um contato maior com outra cultura e uma forma de vida muito diferente da que estamos a viver no dia a dia das grandes cidades que nunca dormem. No retorno dos passeios você poderá relaxar em uma das piscinas na companhia de um espumante para assistir o pôr do sol que é sempre especialmente belo nessa região.

Na última manhã a bordo, na despedida da viagem nos deparamos com o afamado encontro das águas do Rio Negro com o Rio Solimões que é um verdadeiro espetáculo da natureza. Por maiores que sejam as explicações científicas que dão base a este fenômeno, não deixa de ser emocionante apreciar esse momento e ficar com a sensação que ficou algo por se explicar ali que nem o homem talvez tenha compreendido. A mãe natureza sabe o que faz.

*Naira Amorelli realizou sua viagem em Novembro de 2014 a convite do Hotel Iberostar Grand Amazon.