Variedades & Tecnologia

Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, abre ao público dia 19

O AMANHÃ É HOJE. E HOJE É O LUGAR DA AÇÃO

 

Um dos marcos da revitalização da região portuária, museu de ciência explora possibilidades de construção do futuro

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O Museu do Amanhã abre ao público neste sábado (19/12), com entrada gratuita durante todo o fim de semana. No Viradão do Amanhã, o novo ícone do Rio de Janeiro funcionará ao longo de 36 horas, das 10h de sábado às 18h de domingo. A nova Praça Mauá vai receber mais de 20 atrações culturais, com shows para todas as idades, entre elas o espetáculo Bossa Negra, que vai reunir o bandolinista Hamilton de Holanda e o cantor Diogo Nogueira, no sábado (19/12) às 20h, e a Orquestra Sinfônica Brasileira, que encerra o evento, no domingo (20/12) às 20h, com sua formação completa e regência de Roberto Minczuk. As crianças também terão um espaço só para elas com programação específica. O Museu de Arte do Rio (MAR) também participará do Viradão, com horário estendido.

O Museu do Amanhã nasce na Praça Mauá como um museu de ciência que se dedica a explorar, pensar e projetar as possibilidades de construção do futuro. Norteado por perguntas que acompanham desde sempre a humanidade – De onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? Como queremos ir? –, apoia-se em um conceito fundamental: o amanhã não é uma data no calendário, não é um destino final; ele é uma construção que começa hoje, agora. A partir das escolhas feitas no presente, desdobra-se uma gama de amanhãs.

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O museu examina o passado, apresenta tendências do presente e explora cenários possíveis para os próximos 50 anos a partir das perspectivas da sustentabilidade e da convivência. O visitante é estimulado a refletir sobre a era do Antropoceno – a era geológica em que vivemos hoje, o momento em que o homem se tornou uma força planetária com impacto capaz de alterar o clima, degradar biomas e interferir em ecossistemas – e a se perceber como parte da ação e da transformação.

Com projeto do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o edifício de formas orgânicas, inspiradas nas bromélias do Jardim Botânico, ocupa 15 mil metros quadrados, cercado por espelhos d’água, jardim, ciclovia e área de lazer, numa área total de 34,6 mil metros quadrados do Píer Mauá.

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Acervo imaterial em cinco grandes áreas

O conteúdo é continuamente atualizado, a partir de dados e análises científicas de instituições do mundo todo, e foi elaborado com a participação de um time de mais de 30 consultores brasileiros e internacionais, nomes reconhecidos em diversas áreas do conhecimento. As experiências, por sua vez, foram desenvolvidas por um extenso grupo de artistas e criadores – como as produtoras O2 e Conspiração, o jornalista Marcelo Tas e o artista plástico americano Daniel Wurtzel –, reunidos, assim como os cientistas, a convite da Fundação Roberto Marinho. “O acervo do Museu do Amanhã é imaterial, são possibilidades. Ao contrário de outras instituições, que precisam preservar seu acervo, o do museu deve ser o tempo todo renovado”, explica o curador do museu, o físico e doutor em Cosmologia Luiz Alberto Oliveira.

O museu também tem parceria com algumas das principais instituições da ciência no Brasil e no exterior, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Massachusetts Institute of Techonology (MIT), entre outras.

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O Museu do Amanhã explora seis grandes tendências para as próximas cinco décadas: mudanças climáticas; alteração da biodiversidade; crescimento da população e da longevidade; maior integração e diferenciação de culturas; avanço da tecnologia e expansão do conhecimento. “O museu oferece as perguntas, não as respostas. São elas que norteiam a série de experiências, de maneira a construir uma narrativa de exploração e interrogação”, define o curador.

A exposição principal, com concepção museográfica do designer Ralph Appelbaum e direção de criação de Andres Clerici, se divide em cinco áreas, a partir das cinco perguntas que guiam o museu: Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhãs e Nós. Em cada uma das áreas, o público tem acesso a um panorama geral sobre os temas e pode aprofundá-lo em seguida. A visita começa pelo Cosmos, experiência imersiva em um domo de 360°, grande ovo negro em que o público faz uma viagem sensorial pelo universo, desde as galáxias mais distantes até as partículas microscópicas. Na Terra, três cubos de sete metros de largura por sete metros de altura representam as três dimensões da existência: Matéria, Vida e Pensamento. Aqui, o público conhece mais sobre o funcionamento do planeta, a biodiversidade, as relações entre as espécies e o desenvolvimento da cultura e do pensamento humanos.

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A parte central do percurso narrativo se dedica a pensar o hoje, suas características e seus sintomas. Totens com mais de 10 metros de altura formam o Antropoceno, com conteúdo audiovisual sobre o impacto das ações do homem no planeta e a aceleração de suas atividades – estudos apontam que a humanidade terá 10 bilhões de pessoas em 2060 e que os próximos 50 anos vão concentrar mais mudanças que os últimos 10 mil anos. Os Amanhãs desdobram-se no museu numa área em forma de “origami”, com três ambientes, que aprofundam as seis tendências principais: o público pode calcular sua pegada ecológica; participar de um jogo colaborativo em que é preciso administrar os recursos do planeta para mantê-lo sustentável; e descobrir, de forma bem-humorada, qual seria seu perfil diante dos avanços tecnológicos e dos desafios que o futuro apresenta.

A área Nós fecha a visitação de forma simbólica, com uma experiência de luz e som em uma escultura em madeira que remete a uma oca. Seu elemento central, um churinga (espécie de amuleto) da cultura aborígene australiana, é a única peça física que compõe a narrativa principal e representa a transmissão de conhecimento através das gerações. Depois desse momento de reflexão, um belvedere se abre sobre a Baía e o público volta ao “hoje” renovado.

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A experiência expositiva do museu integra-se ainda ao Laboratório de Atividades do Amanhã, espaço de inovação e experimentação que promove atividades ligadas a tecnologia, ciência e arte e faz uma reflexão sobre as atividades produtivas (a primeira exposição será do coletivo dinamarquês Superflex); e ao Observatório do Amanhã, que vai exibir, catalogar e repercutir dados e análises das últimas pesquisas científicas e tecnológicas em temas relacionados ao museu. É do Observatório também a função de atualizar os dados da exposição principal, por meio do sistema Cérebro, que recebe informações e distribui as informações pelo conteúdo exposto. O sistema também faz um mapeamento da relação do museu com os usuários, registrando o percurso dos visitantes e o modo como eles acessam o conteúdo do museu.

O Museu do Amanhã terá ainda auditório com 400 lugares, loja, cafeteria e restaurante. A área dedicada às exposições temporárias será aberta com a instalação audiovisual “Perimetral”, assinada por Vik Muniz, Andrucha Waddington e o escritório de design SuperUber: imagens da implosão do Elevado da Perimetral se combinam a uma cenografia imersiva em uma experiência de grande impacto visual. A exposição seguinte será “Santos Dumont – o grande visionário brasileiro”, que abre no primeiro semestre de 2016.

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Arquitetura e sustentabilidade

Uma das âncoras do projeto Porto Maravilha, o museu tem arquitetura sustentável e segue as especificações para obter a certificação LEED (Liderança em Energia e Projeto Ambiental), concedida pelo Green Building Council (USGBC). Entre suas diretrizes para sustentabilidade está o melhor aproveitamento de recursos naturais da região. A água da Baía de Guanabara é captada pelo museu com duas finalidades diferentes: para abastecer os espelhos d’água e para o sistema de refrigeração, onde é utilizada na troca de calor. Depois de usada na climatização, ela é devolvida mais limpa ao mar, num gesto simbólico.

Outro destaque é a cobertura móvel do edifício, em que grandes estruturas de aço servem de base para as placas de captação de energia solar – ao longo do dia, elas se movimentam como asas para acompanhar o posicionamento do sol. O projeto também valoriza a entrada de luz natural, e o paisagismo, assinado pelo escritório Burle Marx, traz espécies nativas e de restinga, ressaltando a vegetação típica da região costeira da cidade – são mais de 5.500 metros quadrados de área de jardins.

Em sua forma longitudinal – “flutuando” sobre o píer, nas palavras de Santiago Calatrava –, o edifício foi projetado de forma a deixar visível e valorizar o conjunto histórico do qual faz parte, que inclui o barroco Mosteiro de São Bento; o edifício A Noite, primeiro arranha-céu da América Latina e sede da Rádio Nacional; e o Museu de Arte do Rio (MAR). A importância histórica da região se completa com marcos como a Pedra do Sal e o porto que recebeu o maior número de escravos no mundo; o bairro da Gamboa, um dos berços do samba; e a histórica Fortaleza da Conceição.

“O museu traz a possibilidade de refletir sobre que consequências a maneira como vivemos hoje trará para as gerações futuras. São experiências que vão além do discurso, é possível verificar o que vai ser do amanhã de acordo com o que fazemos hoje”, diz Marcos Madureira, vice-presidente executivo de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Banco Santander, patrocinador master do museu. Como instrumento de educação, o Museu do Amanhã é receptor e disseminador das reflexões produzidas no campo da ciência. “O museu abre um espaço fundamental para o debate do conhecimento científico. É um lugar privilegiado para que a ciência possa ser divulgada entre quem mora ou visita a cidade”, elogia Nelson Silva, CEO da BG América do Sul, mantenedora.

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Educativo

O Museu do Amanhã nasce com o compromisso de ser um espaço proativo de apoio à educação e à cultura. Faz parte da sua concepção o desafio de unir uma cidade que renasce, pensar sua origem, sua história, o papel de cada um, e de todos nós, hoje e no horizonte das próximas cinco décadas. Assim como o MAR, que inovou com a proposta museológica de já nascer com uma escola (a Escola do Olhar), o Museu do Amanhã também manterá relações estreitas com o contexto social, cultural e ambiental que o cerca e cumprir o compromisso ético de servir à educação.

Acessibilidade

O museu vai oferecer acessibilidade física e de conteúdo, contando com piso podotátil, audioguias, videoguias, visitas em libras e maquetes táteis que possibilitam novas formas de interação com o conteúdo.

Atividades

Visitas mediadas para públicos não agendados – A partir do primeiro fim de semana de 2016, mediante retirada de ingresso na bilheteria (ou seja, podem ser gratuitas ou incluídas no valor da entrada para o Museu): “Trilhar os Amanhãs” (conceituação e os cinco temas centrais da Exposição Principal, aos sábados e domingos, às 10h e às 14h); “É uma nave? É um pássaro? É um avião?” (explora os aspectos arquitetônicos do prédio do Museu, aos sábados, às 11h e às 15h) e “Mauá 360” (olhar 360° sobre a história da cidade do Rio de Janeiro a partir da arquitetura das construções no entorno da Praça Mauá, aos sábados e domingos, às17h).

Visitas escolares – Cada grupo é apresentado a um tema, que deverá ser explorado ao longo da Exposição Principal, do prédio ou do entorno do Museu. As temáticas abordadas são definidas pelo professor ou representante do grupo em conjunto com os educadores responsáveis pela visita, em contato prévio.

Essas visitas acontecem sempre de terça a sexta-feira, das 9h às 16h30, e aos sábados e domingos, das 10h30 às 14h. Duram aproximadamente uma hora e meia e são gratuitas mediante retirada do bilhete de acesso, com agendamento dos grupos de terça a sexta-feira, das 10h às 17h45.

Vizinhos do Amanhã – Os cerca de 30 mil moradores da Região Portuária – distribuídos pelos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo e os morros da Conceição, Pinto, Providência e Livramento – têm entrada gratuita no Museu a partir do Programa Vizinhos do Amanhã. A inscrição no Programa de Vizinho acontece diretamente no museu, no horário de funcionamento: de terça-feira a domingo, das 10h às 18h.

Serviço:

Museu do Amanhã

Praça Mauá, 1

De terça-feira a domingo, das 10h às 18h (última entrada para exposição, às 17h). Entrada gratuita às terças.

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