Dicas & Destinos

Vitória se posiciona como opção de destino turístico no Sudeste

Apesar de ser destino natural dos mineiros, capital capixaba ainda é pouco visitada por turistas de outros estados

No primeiro dos sete dias que passaria viajando por cidades do Espírito Santo, o jornalista carioca Felipe Palma se surpreendeu quando, ao pedir informações sobre uma rua para uma senhora em um ônibus de Vitória, ouviu a seguinte pergunta: “O que você está fazendo aqui?”.

Palma havia pesquisado diversos destinos nacionais nos meses anteriores, mas decidiu por Vitória pela beleza das fotos da capital capixaba e pelas praias de Vila Velha, aparentemente mais vazias do que as dos litorais fluminense e paulista. Ele também queria evitar os resorts instalados em regiões específicas do Nordeste.

“No primeiro dia, já estava encantado pela cidade”, conta dele. “O estranhamento dela me indicou que poucas pessoas de outros lugares do Brasil viajavam para Vitória”, completa.

Apesar das praias, das atrações históricas e dos preços de passagens aéreas relativamente menores do que outras capitais do Sudeste brasileiro, a capital capixaba, de fato, ainda recebe poucos turistas de outras regiões do país.

De acordo com o anuário do Ministério do Turismo, no último ano, foram registrados 1,7 milhão de desembarques no Aeroporto Eurico Aguiar Salles – número inferior a todas as cidades das regiões do Sudeste, do Sul e de boa parte do Centro-Oeste e do Nordeste.

Além disso, o Espírito Santo é o estado com menos equipamentos e agências de turismo cadastrados no MTur comparado com as unidades do Sul, do Sudeste, do Centro-Oeste e de boa parte do Nordeste. Em 2016, existiam aproximadamente 21 mil leitos de hospedagem no Espírito Santo, números próximos ao do Amazonas (16 mil leitos) e de Alagoas (18 mil leitos).

Os dados do Observatório do Turismo do governo do Espírito Santo, no entanto, indicam que Vitória ganha fôlego na temporada de verão por causa dos mineiros. Neste ano, 41% dos turistas nacionais que chegaram à capital capixaba saíram de Minas Gerais. No período “entre estações” (outono e primavera), a maior porcentagem de visitantes em Vitória também foi de mineiros (19%).

Os números da Secretaria de Turismo do Espírito Santo indicam que a inserção de Vitória no circuito turístico brasileiro se baseia no verão, cujo público de fora do estado é, sobretudo, mineiro. Em 2016, 1,5 milhão de pessoas visitaram a cidade durante os meses mais quentes, sendo 31% de Minas Gerais. “Os dados, apesar de melhores em relação aos do Ministério do Turismo, por indicarem a maioria das chegadas por vias rodoviárias, ainda demonstram que a capital capixaba é pouco visitada”, explica a professora do curso de Turismo da Universidade de São Paulo (USP), Bianca Medi.

Para a jornalista Thais Yumi, de São Paulo, que vem à Vitória a cada dois meses para visitar o irmão, falta uma divulgação mais incisiva das atrações da cidade para turistas de outros estados. “Sempre brinco que aqui é um Rio de Janeiro vazio, pois é tão bonita e charmosa quanto, mas sem aquela aura que foi criada pelas músicas, poemas etc”, explica.

É a mesma percepção de Felipe Palma, que se encantou com a Ilha do Boi e com o Convento da Penha. “Lá de cima, tem uma das visões mais bonitas que eu já vi”, afirma.

Desde 2010, o governo capixaba investe em programas para colocar Vitória na rota turística de uma margem maior de viajantes nacionais. O primeiro foi o Qualifica ES, que oferece cursos voltados para o desenvolvimento do setor. A quantia de R$ 1,5 milhão investida no projeto chegou a formar mais de mil pessoas por ano, mas desde 2016 caiu drasticamente por conta da crise econômica.

Os governos municipal e estadual também investiram em novos espaços de recepção de visitantes, como o Centro de Eventos de Vitória, inaugurado há alguns anos para abrigar eventos ligados a negócios.

“Dentre diversas atividades econômicas para o Espírito Santo, o turismo desponta como uma alternativa viável e importante, principalmente no que tange à geração de emprego e renda, já que o estado reúne atributos necessários ao desenvolvimento de uma eficiente indústria turística”, acredita a turismóloga Kely Cristina Mendes, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

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