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Rue Crémieux, a rua que virou a febre dos instagrammers em Paris

A Rue Crémieux, pequena rua de casas coloridas em Paris, chama a atenção dos turistas e cria problema entre moradores e prefeitura da cidade

Rue Crémieux

Uma bela rua de Paris se tornou nos últimos anos uma parada quase obrigatória para quem gosta de postar fotos de viagens no Instagram. Preenchida com casas pequenas pintadas com cores em tons pastéis, com janelas em luz fluorescente e feita de pedra, além de não ser aberta para carros, a Rue Crémieux, perto da Bastilha, é um dos destinos mais postados no aplicativo na Europa até agora — a hashtag #ruecremieux já tem cerca de 31 mil fotos.

O fenômeno, porém, gera a irritação dos moradores, que agora ameaçam ir à administração municipal pedir a restrição de circulação na via em determinados momentos do dia. O pedido dos vizinhos é que a prefeitura instale uma porta que permaneça fechada nas horas de pico, de noite, aos finais de semana, ao amanhecer e ao entardecer.

“A gente senta para comer na varanda e tem gente tirando foto do nosso almoço, grupos musicais que ficam filmando por horas justamente embaixo da nossa janela ou despedidas de solteiro em que as pessoas gritam a tarde inteira. É esgotante”, disse um deles, que não quis se identificar, à rádio RFI.

Rue Crémieux

No Instagram é possível encontrar fotos de pessoas em posições de yoga, rappers, influencers digitais, modelos e casais turistas que, segundo os moradores, bloqueiam as suas passagens cotidianas. Na semana passada, um dos moradores abriu um perfil no mesmo Instagram (Club Cremieux) para registrar os problemas do excesso de turistas na rua.

Apesar de parecer certo egoísmo dos vizinhos da rua, a Cremieux, de fato, não é o tipo de lugar que pode ser transformado em destino turístico. Construída no século 19 por trabalhadores pobres de Paris, as casas são pequenas e suas portas dão direto para a rua. Eles argumentam que, nos dias normais, a presença dos turistas não incomoda — o problema é quando a multidão ocupa a pequena viela em horários inoportunos.

Segundo o site Citylab, especializado em mobilidades urbanas, há de fato uma mudança na fama Rue Crémieux como lugar fotográfico e idealizado pelos turistas em Paris. Mesmo a aparência da rua foi criada recentemente. A jornalista francesa Charlotte Hervot notou, no seu Twitter, que foi apenas em 1996 que os moradores pintaram suas casas com as cores que agora chamam a atenção do mundo.

A rua também é um caminho incomum para os parisienses: o mais comum é encontrar prédios de apartamentos, não casas, nas vias mais calmas da capital francesa — todos pintados da mesma cor padronizada, o bege.

De acordo com o departamento de turismo de Paris, ligado à prefeitura, a cidade-luz recebeu 23 milhões de turistas em 2017 — o número de 2018 ainda não foi calculado. Foi um crescimento de 11% em relação ao ano anterior e de 5% comparado a 2014, comemorado depois dos ataques terroristas que a capital francesa enfrentou no passado recente. A expectativa é que, em 2019, com o crescimento do turismo chinês, o mercado de passagens aéreas da Ásia em direção à França supere os números dos anos passados.

O Euromonitor, outra instituição que mensura os dados de circulação de pessoas pelo mundo, afirma que Paris foi a sétima cidade mais visitada do mundo em 2016. Na Europa, a capital francesa só ficou atrás de Londres (terceira posição geral), que teve 19,5 milhões de chegadas registradas — Paris recebeu 14,4 milhões.

Recentemente, o Google publicou um relatório afirmando que nenhum outro ponto de Paris é mais fotografado do que o Moulin Rouge, o cabaret no bairro de Montmartre que criou o “cancan” e ficou famoso mundialmente com o filme de mesmo nome lançado por Hollywood em 2001.

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